quinta-feira, 22 de maio de 2008

Melhor que Manchester e Chelsea

Pode-se afirmar com segurança que 60% ou 70% dos gols de cabeça são marcados por jogadores que saltam sozinhos, sem marcação. Muitas vezes nem precisam saltar. Estão livres dentro da área. Na prática, só existe uma maneira de impedir um gol de cabeça: o marcador deve pressionar fisicamente o adversário, impedí-lo de saltar e, se ele saltar, empurrá-lo no ar. Assim, ou o atacante não cabeceia ou, se cabecear, não acerta o gol.

Ontem, aos 46 minutos do segundo tempo de Fluminense e São Paulo, um dos jogos mais espetaculares a que já assisti, os zagueiros do tricolor paulista seguiram à risca o manual da marcação em escanteios. Nada menos que três deles cercaram Washington e pularam com ele, tentando deslocá-lo no ar. Marcação melhor, impossível.

Pois Washington saltou assim, pressionado, e pelo menos 20 ou 30 centímetros acima dos zagueiros bateu na bola com a fronte, de olhos abertos, arremessando-a para uma posição do gol inalcançável para Rogério Ceni. Obra de gênio.

Não, não estou afirmando que Washington é brilhante. É um jogador razoável, apenas. Tampouco é um predestinado ou iluminado. O último predestinado e iluminado morreu pendurado numa cruz, há muito tempo e era melhor nas preleções do que jogando nas quatro linhas.

Washington é um jogador médio que, no entanto, demonstrou ontem, num dos momentos mais importantes da história do Fluminense, que sabe ser genial pelo menos numa fundamento indispensável para um atacante: o cabeceio.

Lembrou outro atacante que, da mesma forma, era apenas razoável no todo, mas era mais do que brilhante quando saltava para cabecear: o Jardel que vi jogar no melhor time do Grêmio de todos os tempos.

Fluminense e São Paulo fizeram um jogo de comover o mais distante torcedor de qualquer outro time - o meu caso. Foi melhor anda porque os dois times brasileiros conseguiram superar, em emoção e técnica, um jogo igualmente espetacular ocorrido algumas horas antes, quando apenas nos pênaltis o Manchester United venceu o Chelsea na disputa pela Copa dos Campeões da UEFA, a Libertadores deles.

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