terça-feira, 1 de julho de 2008

Manchetes assustadoras

Comentário das 9 e 30 na Rádio Mundial AM1180:

Começo a análise de hoje das manchetes dos jornais com um pedido aos ouvintes: mantenham a calma, tomem uma agüinha com açúcar e não façam nenhuma bobagem.

Não, eu não vou falar sobre o estado de tensão insuportável que se abateu sobre os tricolores na véspera da decisão da Libertadores. Falo para os torcedores de todos os times.

O assunto, para ser assim tão assustador, só podia ser economia.

As manchetes do Globo e do Estado de São Paulo são quase apavorantes.

O Globo: “Inflação derrota todas as aplicações este ano”.

Estadão: “Investimentos rendem abaixo da inflação semestral”

Para quem ainda não ligou o nome a pessoa: todo e qualquer dinheirinho que você tem aplicado, seja na caderneta de poupança, naqueles fundos que o gerente do banco nos empurra ou na Bolsa de Valores – qualquer dinheiro seu que está investido em fundos de instituições financeiras, até o FGTS, perdeu valor nos últimos seis meses.

Vale menos hoje do que valia no início do ano porque a inflação medida pelo IGPM subiu mais. Veja só: você aplica o seu rico dinheirinho para se proteger da inflação e a inflação o come aos pouquinhos, mesmo estando no banco.

Os especialistas recomendam muita calma nesta hora, é claro. Mas nem sempre é possível convencer o sujeito de que ele deve ficar assistindo à desvalorização do dinheiro que suou para juntar – para usar numa emergência, para uma viagem, para comprar uma casa ou seja o que for.

Duas conseqüências mais ou menos naturais desta situação podem acontecer.

Uma retirada em massa do dinheiro aplicado para comprar imóveis, porque imóveis são investimentos seguros, embora não rendam muito e não sejam dinheiro na mão quando a gente precisa. Isto, se acontecer, vai provocar aumento nos preços dos imóveis.

A segunda conseqüência é retirar o dinheiro das aplicações para comprar bens de consumo. O cara pensa assim: se o dinheiro tá sumindo mesmo, vou retirar do banco e comprar carro novo, geladeira, tevê de alta definição, essas coisas. Resultado: falta de produtos no mercado, por causa do aumento brusco das vendas, e aumento brutal de preços. Em uma palavra: mais inflação.

Meus caros: se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come.


A outra notícia ruim do dia também é de economia. É internacional, mas ainda assim nos atinge. Está na manchete da Folha de São Paulo:

“Bancos Centrais alertam para ponto crítico na economia global”.

Vou tentar exlicar rapidinho, porque estou inflacionando meu tempo aqui na Mundial.

O Banco para Compensações Internacionais, na Suiça, que é uma espécie de chefe de todos os bancos centrais do mundo, informou que a crise financeira mundial – causada pela situação difícil dos Estados Unidos e pela alta do petróleo – prejudica mais duramente os países emergentes.

Ói nóis aí traveiz!

O mecanismo é simples. Vivendo a maior crise financeira desde a Grande Depressão dos anos 30, os Estados Unidos deixam de comprar produtos industrializados de países como a China e a Índia. E como vão vender menos para os Estados Unidos, países como a China deixam de comprar matérias-primas do Brasil.

É claro que nem tudo está perdido.

Mas também é conhecido aquele ditado: tudo que está ruim sempre pode piorar.

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